O Polimetilmetacrilato, conhecido como PMMA, é um produto de preenchimento definitivo e sintético que tem uma história de uso na medicina que se estende por mais de 80 anos. Sua aplicação abrange diversas áreas, como Oftalmologia, Ortopedia, Odontologia, entre outras. Desde 1988, o PMMA tem sido estudado e utilizado como preenchedor de tecidos moles, e marcas comerciais para sua produção como implante para correção volumétrica facial e corporal foram liberadas pela Anvisa a partir dos anos 2000.
Segundo o médico nutrólogo, Dr. Matheus Azevedo, o PMMA se destaca como um dos produtos utilizados como preenchedores, sendo notável por ser o único não absorvível. No entanto, a decisão sobre a utilização dessa substância em tratamentos estéticos deve ser tomada após uma avaliação presencial com um médico.
Em diversas áreas da Medicina, o PMMA tem se mostrado uma substância versátil. “Na estética, é utilizado como preenchedor facial e corporal, na cirurgia ortopédica atua como cimento ósseo, na odontologia é amplamente empregado na confecção de moldes e próteses dentárias, enquanto na oftalmologia é utilizado na fabricação de lentes intra-oculares”, explica o especialista.
Além disso, o PMMA também é aplicado na produção de marcapassos cardíacos e na correção de fendas palatinas na otorrinolaringologia. Recentemente, estudos sugerem seu uso como veículo para antibióticos, como a gentamicina.
“Algumas preocupações e mitos têm circulado sobre o PMMA, e é importante esclarecê-los. Primeiro, é um equívoco afirmar que o PMMA não é aprovado pela Anvisa. Marcas comerciais autorizadas pela Anvisa estão produzindo o PMMA como implante para correção volumétrica facial e corporal desde os anos 2000”, corrige o Dr. Matheus Azevedo.
Outro mito relacionado é o receio de que o PMMA possa migrar de local após a aplicação. O médico esclarece que o PMMA é um produto particulado que desencadeia uma reação tecidual, resultando na formação de tecido conjuntivo ao redor das partículas. Isso torna o produto sólido e rico em colágeno, impedindo sua migração.
O Dr. Matheus Azevedo destaca também uma confusão comum entre o PMMA e outra substância: o silicone. “O silicone líquido é composto por dimetilsiloxano, um polímero desenvolvido para uso industrial, enquanto o PMMA é utilizado como preenchedor há mais de 30 anos”, diferencia.
Para aqueles que consideram o uso do PMMA, é importante verificar se o local onde os procedimentos serão realizados possui alvará da vigilância sanitária; certificar-se de que o profissional responsável pelo procedimento possui registro adequado; e ter cuidado com o resultado, pois o PMMA é de difícil retirada. Recomenda-se prática com preenchedores, e o profissional deve estar confiante na indicação e no resultado, que deve ser gradual e acompanhado pelo paciente ao longo do procedimento, com revisões após 30 dias conforme necessário.
Apenas médicos e dentistas estão autorizados a utilizar o PMMA, e os procedimentos devem ser realizados em clínicas com todas as licenças necessárias. “O PMMA é altamente biocompatível, reduzindo o risco de rejeição. No entanto, assim como qualquer procedimento médico, há riscos associados, sendo o mais temido a obstrução vascular. Essa complicação pode ser evitada ou minimizada com o uso de microcânulas atraumáticas e uma infiltração cuidadosa”, detalha o Dr. Matheus.
Um risco mais comum, geralmente resultante de erros técnicos, é a formação de granulomas. Esses granulomas podem se tornar maiores ou mais densos do que o esperado, causando desconforto estético ou funcional. No entanto, o médico ressalta que não há motivo para alarmar os pacientes com “reações tardias imprevisíveis”, e as complicações são raras e de pouca gravidade, semelhantes às observadas em outros tratamentos médicos.