Enquanto por volta de 50 países já iniciaram a imunização contra o coronavírus, os brasileiros ainda não sabem quando e nem qual vacina será aplicada no país
POR: Vinicius Bacelar
Recentemente, a vizinha Argentina, que possui cerca de 44 milhões de habitantes, o equivalente ao Estado de São Paulo, autorizou e já começou a aplicação da vacina russa Sputnik V em sua população.
Diante deste cenário, muitos se perguntam: Por que um país menor e com menos recursos do que o nosso avançou na imunização, enquanto estamos estagnados?
Para o professor e ex-executivo de grandes empresas, Luis Piemonte, nascido na Argentina e radicado no Brasil desde os anos 1980, com uma passagem de quase uma década pela Alemanha, o governo argentino não fez nada de extraordinário.
O problema, segundo ele, que também é autor do livro “É possível construir uma sociedade mais justa?”, está na falta de um ambiente de diálogo entre as autoridades federais e estaduais em relação ao combate à Covid-19, que já vitimou quase 200 mil de brasileiros desde o último mês de março.
“Na Argentina, existe um diálogo um pouco melhor entre as autoridades do que há no Brasil. O presidente daquele país é do mesmo partido do governador da província de Buenos Aires. No entanto, o prefeito da cidade de Buenos Aires é da oposição. Apesar disso, desde o início da pandemia, os três se reúnem regularmente para encontrar consenso e tomar medidas preventivas similares em seus territórios. Isso, porém, não tem nada de especial e representa uma atitude normal de governantes em casos de crises como a atual. Não se trata, portanto, de um caso de sucesso e, sim, de um problema local”, explica Piemonte.
O professor destaca que o fato de o Brasil não possuir um ministro da Saúde, especialista na área, também atrasa o plano de imunização em nosso país.
“Sem uma liderança sanitária engajada e respeitada, a população ouve, de diferentes fontes, uma série de mensagens controversas sobre a pandemia, sua importância, gravidade e tratamento. Isso deixa as pessoas bastante confusas. A situação se agrava quando as principais figuras governantes ainda procuram utilizar a vacina com finalidades políticas”, argumenta o professor.
Apesar das críticas, Piemonte reconhece o histórico rico brasileiro em relação a campanhas de vacinação. “Porém, infelizmente, desta vez, o Brasil não conseguiu dar a resposta adequada. Não há coordenação e nem parece que há um interesse em ter. Basta ver que até se falha em questões simples, como a aquisição de seringas e agulhas”, finaliza o professor.