Para Luciano Souza, do Cescon Barrieu, tecnologia é o grande aliado para fomentar cultura de redução de riscos
POR: Elaine D’Avila – Tree
A maior parte dos programas de Compliance das companhias brasileiras não estava preparado para o cenário atual. A maioria ou até integralidade dos trabalhadores não conta com a preparação necessária para reduzir os riscos de exposição da empresa, até então prevenidos e contidos pelos Programas de Compliance, em home office. A avaliação é de Luciano Inácio de Souza, sócio das áreas de Compliance, Anticorrupção e Relações Governamentais do Cescon Barrieu Advogados.
“O quadro atual é imprevisto e novo para os manuais de Compliance. Não há como não haver preocupação com os novos riscos gerados pela crise. E alguns questionamentos já se mostram mais presentes entre as empresas”, explica Luciano. “Por exemplo: é possível flexibilizar as regras neste período de calamidade pública? Existem políticas de home office ideais? Os trabalhadores se adaptarão a elas? E a confidencialidade dos dados e informações? Há condições estruturais para oferecer o home office e, ao mesmo tempo, garantir a integralidade dos processos de segurança da informação? O compartilhamento de dados pessoais de funcionários dentro da organização é legítimo?”, enumera.
No Brasil, Luciano explica que os questionamentos ganham elementos específicos dada a maturidade dos Programas de Compliance no País e traços de cultura, como uso menos intenso das tecnologias de informação e maior apego ao contato humano. “Muitas medidas precisam ser adotadas e adaptadas para conter os antigos e os novos riscos gerados por fatores imprevisíveis. É fundamental que as empresas e os responsáveis pela condução dos Programas de Compliance tenham serenidade. É hora de reforçar as políticas internas e a cultura de governança corporativa, mantendo o sentimento de pertencimento mesmo com a atuação dos profissionais em ambientes físicos fora da empresa”, explica Souza.
Para ele, as tecnologias são as grandes aliadas neste momento, para manter a continuidade de todas as atividades, inclusive do Programa de Compliance. É necessário que as empresas identifiquem prontamente seus gargalos, estabeleçam novas políticas internas, comuniquem e treinem seus empregados para trabalharem sob novas premissas de segurança em plataformas remota e onlines. “Ou seja, assim como a crise, os Programas de Compliance devem ser dinâmicos e ativos de forma eficiente para que os impactos da COVID 19 sejam os menores possíveis”, aconselha.