POR: Rafael Querrer
Preocupação com segurança na transferência de dados pessoais também é preocupação do mercado na visão de especialistas que
participaram da primeira manhã do Score Summit 2021. Empresas e governo devem garantir proteção dos dados dos clientes para a
fluidez nos negócios. O ambiente regulatório do País também entrou na pauta.
A privacidade é a base da liberdade. Precisamos ser donos dos nossos dados e ter poder para decidir para onde eles vão, em
segurança. A reflexão foi feita na manhã desta terça-feira (24), por Don Tapscott, um dos mais influentes escritores do mundo, autor
de 13 livros (traduzidos para mais de 25 idiomas), pesquisador, palestrante, consultor especializado em estratégia corporativa e
“pai” do Blockchain, durante o primeiro dia do Score Summit 2021, evento organizado pela proScore, com a Bolsa de Valores B3
como co-host.
A primeira parte do evento foi marcada pela discussão sobre a importância da segurança das informações pessoais para o sucesso
das plataformas Open, considerando o aumento da competitividade entre as empresas, a maior cobertura e abrangência dos serviços, a
adequação dos produtos às realidade individuais dos clientes e o aumento do protagonismo dos consumidores frente às decisões
tomadas nos respectivos projetos financeiros. “Precisamos ser donos dos nossos dados e gerirmos eles por conta própria. Decidir para onde eles vão. Os nossos dados nos representam e são a base do indivíduo autônomo, que precisa escolher o que quer e como quer seus produtos e serviços. Essa é uma questão tão importante quanto a climática, no Brasil. Estamos repensando nossos contratos sociais a partir da forma como protegemos e compartilhamos nossos dados”, complementou Tapscott.
Os especialistas discutiram o ambiente regulatório do país e a importância da segurança na transferência e coleta de dados para o sucesso dos sistemas de Open Banking e Open Insurance, seja pensando na saúde do ambiente de negócios ou na garantia de
benefícios aos usuários. “No campo do Open Insurance há um mar de possibilidades no que discutimos hoje, mas é preciso uma revisão regulatória séria para que possamos ofertar cada vez mais serviços. O Open Insurance e a troca de dados não acompanhados de uma mudança regulatória, certamente não alcançarão os objetivos que pretendemos, inclusive com a criação de acesso a serviços que são essenciais. Tudo precisa ser feito com bastante parcimônia e sempre, até porque estamos em dois mercados que sofrem muito com fraudes”, acrescentou Ricardo Ramires, diretor de operações Médicas de Mercados de Regulação na SAMI.
A preocupação do mercado com os dados pessoais é latente devido a um dos principais diferenciais do segmento Open, que é a possibilidade de personalização. Segundo os analistas convidados para o Score Summit, a troca de informações entre as instituições é o que poderá garantir que os serviços e produtos ofertados pelas empresas possam ter mais aproximação com as demandas individuais, inclusive permitindo aos clientes a combinação de instrumentos dentro de um pacote totalmente original.
“É importante observar que até o relacionamento dos bancos com as fintechs está mudando ,porque a parceria é fundamental, pensando justamente nesse diálogo de informações. Quanto mais pudermos nos unir, trabalhar juntos, para oferecer um bom produto, mais inteligentes estaremos sendo no todo. A gente pensa na união”, comentou Carolina Gladyer Rabelo Saches é diretora de ESG, Jurídica e Institucional da ABBC – Associação Brasileira de Bancos “Precisamos que a informação flua, agregando outros dados ainda não disponíveis, porque há uma dificuldade de captura, e assim vamos estabelecendo uma colaboração entre as empresas e montando
uma estrutura de dados. Mas sempre com governança. O dado precisa circular, mas não se pode pegar qualquer dado, sem consentimento e fazer qualquer coisa. Existe uma regra para consumo desse dado e o cliente precisa estar no meio disso, decidir o que fazer com seus
dados. Nós precisamos, como infraestrutura, viabilizar isso”, acrescentou Ricardo Raposo, diretor de dados da B3.
Score Summit
O Score Summit 2021 reúne mais de 20 especialistas renomados da área financeira e de tecnologia para discutir onboarding digital,
antifraude, open banking e open finance, portabilidade de dados e scoragem setorial como agro, marketing e utilities. O evento terá
outra agenda de painéis nesta quarta-feira (25) e está sendo transmitido gratuitamente pelo canal oficial da proScore no Youtube. [1]
Entre os Keynote Speakers do estão também João André Pereira, chefe de Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco
Central, Walter Longo, sócio-diretor da Unimark Comunicação, especialista em Inovação e Transformação Digital e Ana Carla Abrão Costa, head do escritório da Oliver Wyman no Brasil e sócia nas práticas de Finanças & Risco e Políticas Públicas e vice-presidente do Conselho de Administração da B3. Confira a lista completa de painelistas aqui. [2]
Fotógrafo: Sérgio Martinez.