E um dos novos negócios nos quais Sabrina está entrando como sócia-investidora é de um mercado que está em larga expansão no mundo: o live commerce, conhecido também como shopstreaming ou live shop, que tem como foco promover a venda de produtos em um mesmo ambiente virtual, mesclando entretenimento, conteúdo relevante e consumo em tempo real.
A empresa escolhida tem DNA brasileiro e trouxe essa nova tendência para o país: a startup Mimo Live Sales, pioneira no live commerce na América Latina. Fundada pelas executivas Monique Lima, Etienne Du Jardin e Angel Vasconcelos, a empresa nasceu em plena pandemia, em Junho de 2020, e tem como objetivo democratizar esse formato de venda no Brasil.
O que mais chamou a atenção de Sabrina para investir na MIMO foi o tamanho do mercado de live commerce na China e o potencial de crescimento desse tipo de canal de venda no Brasil. “A Mimo é uma empresa muito promissora, que está trazendo ao Brasil um modelo de vendas que movimenta bilhões na Ásia”, ressalta a empresária.
Com um olhar bastante atento, Sabrina também pensou em uma outra estratégia importante nesse investimento na startup: cruzá-lo com outro negócio da Sato Rahal, empresa gerida pelos seus irmãos Karina e Karin – que também fazem parte dessa nova empreitada – que é o agenciamento de influenciadores. “O mercado de live commerce também movimenta os negócios de influenciadores. Eles podem ser hosts (ou apresentadores) em live commerce promovidos pelas marcas ou ainda utilizarem a plataforma para criar novas formas de engajamento com empresas e seguidores em seus perfis pessoais, levando a uma experiência de compra em tempo real daqueles itens desejo que postam em suas redes”, destaca Karina Sato.
Mimo: pequena, porém bastante notável
Sabrina Sato faz parte de um rol de importantes nomes que compõem o grupo de investidores da startup. Em sua primeira rodada de negócios, a Mimo captou mais de R$ 2 milhões de investidores – especialistas em diversas áreas, desde marketing, finanças, e-commerce, marketing de influência, Big Data e inovação. Fazem parte deste pool o publicitário Nizan Guanaes, os experts mundiais em live commerce Mark e Zoe Yuan, Camila Salek da Vimer, entre outros nomes de peso.
Apesar da pouca idade, a MIMO foi escolhida por diversas marcas internacionais para fazer sua primeira experiência com o live commerce, como Johnson & Johnson, Givenchy, Grey Goose, Dolce & Gabanna, L’Occitane, entre outras. Hoje, a startup conta com mais de 400 marcas catalogadas em sua plataforma.
Para trazer o live commerce para o Brasil, a MIMO foi buscar referências no mercado chinês, considerado a grande potência dessa atividade no mundo, e “tropicalizou” o seu funcionamento para a cultura brasileira. “Os brasileiros têm um padrão de consumo diferente dos chineses, por isso fizemos algumas adaptações”, diz Monique Lima, CEO da startup.
Segundo ela, a MIMO pretende simplificar o trabalho das marcas que querem se relacionar com os consumidores pelo live commerce. “Para fazer uma live, a empresa precisa somente cadastrar seus produtos, marcar o evento e colocar um vendedor ou influenciador para apresentá-lo ao público”.
A startup participa de todo o processo da live, desde a criação do roteiro, escolha do influencer ou apresentador, e ainda compartilha dicas para um evento de sucesso. A criação das lives é gratuita, mas a plataforma recebe uma comissão sobre as vendas – o chamado “take rate”.
A base do live commerce tem a combinação de dois ingredientes importantes: entretenimento e comércio. “A MIMO trabalha com um modelo de negócios mais pessoal que o digital pode oferecer. O live commerce oferece uma experiência de compra próxima, na qual o cliente assiste a live, tira dúvidas sobre os produtos no chat com o apresentador e finaliza a compra, tudo em uma única tela”, destaca a CTO da start-up Angel Vasconcelos.
Para as marcas, um dos pontos altos deste tipo de canal é o potencial de taxa de conversão de vendas, que no e-commerce tradicional beira os 2%. Já nesse formato, esse índice chega a ser 16% superior ao e-commerce. Na Mimo essa conversão gira em torno de 10% e já chegou a 30%.
Após esse sucesso, a MIMO está se preparando para ingressar em uma nova fase, com a possibilidade de abrir uma nova rodada de investimentos e evoluir sua plataforma, tornando-a mais robusta. “Em breve as marcas vão poder fazer suas lives de venda a qualquer momento, e quantas vezes por semana desejarem”, conclui Etienne Du Jardin, CPO da Mimo.
Febre na China aponta oportunidades globais do “novo” varejo
O mercado de live commerce no mundo é significativo, seja no tamanho, na velocidade de crescimento, entre outros. Mas seu berço principal está na China, onde o e-commerce é maior do que o varejo físico – representa 52,1% do setor.
O país movimenta cerca de US$ 200 bilhões com o live commerce. Mais de 10 milhões de pessoas já fizeram sua hospedagem nas plataformas e 560 milhões de pessoas já assistiram as lives.
O estudo Tendências e Previsões de Mídia feito pela Kantar no ano passado, o mercado de live commerce tem tido um crescimento estrondoso, de cerca de 400% a cada ano.
Segundo dados de uma pesquisa da Research and Markets, a indústria do social commerce, na qual o live sales faz parte, deve crescer 39% ao ano e movimentar US$ 600 bilhões até 2027.