O mês de setembro é um símbolo da luta contra o suicídio e uma das causas mais comuns é a depressão. O transtorno mental é desencadeado por desequilíbrios bioquímicos no cérebro, não escolhe idade, classe social ou gênero. Segundo a psicóloga Joana D’Arc Sakai, a serotonina, relacionada ao bem-estar, diminui drasticamente, levando a descompensações emocionais significativas.
“Nem mesmo as crianças estão livres da depressão”, alerta Sakai. Cerca de 2% das crianças e 5% dos adolescentes em todo o mundo são afetados por essa doença, outrora considerada exclusiva de adultos. Os sintomas variam em intensidade e forma, desde o transtorno depressivo maior até a depressão pós-parto e distimia. Sakai ressalta que, independentemente da manifestação, cerca de 300 milhões de pessoas sofrem com a depressão globalmente.
Os sintomas muitas vezes começam com mudanças físicas que não devem ser confundidas com “manha” ou malcriação. “O que diferencia a depressão dos episódios de mau humor e das tristezas do dia a dia é a intensidade, a persistência e as mudanças em hábitos normais das atividades da pessoa. Quando a pessoa, seja criança, adolescente ou adulto, apresentar os sintomas por tempo prolongado (mais de um mês), é preciso procurar ajuda médica”, destaca a Dra. Joana D’Arc Sakai.
Entre os sintomas relatados pela especialista estão tristeza intensa e incapacitante, dificuldade de concentração e de tomar decisões, baixa autoestima, sentimento de culpa, cansaço profundo, redução de apetite, dificuldade para dormir, perda de libido e mudança de humor. A psicóloga enfatiza que a persistência desses sinais por mais de um mês requer atenção médica.
Ao identificá-los, ações de apoio são cruciais. A promoção do bem-estar, conexão social, atividade física regular e o manejo do estresse são fatores de proteção essenciais. “É crucial oferecer afeto e escuta, sem minimizar os sentimentos da pessoa. A pessoa precisa ser ouvida, desenvolver suas questões, se expressar, ser respeitada, construir suas ideias, tudo isso vai dando condição para que construa processos que possam deixá-lo mais fortalecido para enfrentar a vida”, reforça Sakai.
Segundo a especialista, o transtorno depressivo se manifesta de diferentes formas, como:
- Transtorno depressivo maior: um tipo de depressão profunda, incapacitante;
- Depressão bipolar: a parte depressiva do transtorno bipolar, caracterizado pela alternância entre momentos de depressão e de euforia;
- Depressão pós-parto: acomete mulheres após o parto, em alguns casos é grave;
- Distimia: forma crônica da depressão, com sintomas moderados, mas constantes;
- Transtorno disfórico pré-menstrual (TPM): forma grave de tensão pré-menstrual que inclui alterações extremas de humor;
- Depressão psicótica: os sintomas depressivos são acrescidos de alucinações e delírios.
Para aqueles que convivem com alguém deprimido, a observação de sinais de ideação suicida é fundamental. A psicóloga destaca que o suicídio não é um ato isolado, mas um pedido de ajuda em meio ao sofrimento psíquico intenso. A prevenção, segundo Sakai, é crucial, sendo que 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados. “A saúde mental é tão importante quanto a física”, ressalta ela, destacando a necessidade de superar o estigma associado à saúde mental.
O tratamento envolve a participação dos pais e de pessoas mais próximas, acompanhamento psiquiátrico e psicoterapia. A ênfase na importância da terapia como uma medida preventiva, destaca a abordagem para enfrentar a raiz do problema.