Por: Geórgia Roncon Imagine o seguinte cenário: após uma crise mundial sem precedentes, oseu país se arrasta por um longo período de recessão. Não bastandoisso, outra crise, desta vez sanitária, abala o mundo e prometeimpactar terrivelmente a economia mundial. Roteiro para filme, não émesmo? Mas não é ficção, trata-se da mais pura realidade. A organização estratégica das empresas nunca foi tão valorizadaquanto nos dias de hoje. Nos momentos de incerteza como os que vivemosatualmente, não só os mais fortes mas igualmente os mais organizados eresilientes são aqueles que sobrevivem. Aqueles que sabem COMO GERIRUMA EMPRESA EM TEMPO DE CRISE são líderes supervalorizados e estimadospelo mercado. Mas a pergunta que fica é: como gerenciar o fluxo de caixa e asfinanças para a gestão de crise [1]? Dê importância à gestão estratégica Por definição, a gestão estratégica é composta por um conjunto depráticas, metas e objetivos que geralmente são definidos pelosgestores de uma empresa sólida [2] — eventualmente com acontribuição dos colaboradores. Assim, além de nortear os objetivos mais importantes a serem atingidosem um determinado período de tempo, um planejamento estratégicotambém deve definir como os objetivos serão alcançados e quaisrecursos devem ser alocados para que as metas sejam materializadas. O grande problema acontece quando esse importante passo dodesenvolvimento empresarial é negligenciado ou construído de formaapressada e sem a motivação adequada. Como consequência, em ummomento de crise, o caos organizacional toma conta dos setores, deixandoo marketing tomando decisões pontuais, o operacional apagandoincêndios e o financeiro com a grande responsabilidade na tomada dedecisões. Antecipe-se aos problemas Por mais que se planeje, alguns cenários são totalmenteimprevisíveis. Afinal de contas, quem, em sã consciência pensaria queem pleno 2020 teríamos não só uma crise sanitária, mas tambémeconômica e global. Ninguém, não é mesmo? Mas é nesse momento que o setor financeiro deuma organização mostra a sua força e importância não só pelocontrole dos recursos, mas por basear-se em dados, muitos dados quefornecem subsídios para a antecipação de cenários. Por mais que um determinado contexto seja completamente imprevisível,há dados preciosos sobre preços de commodities, insumos, pessoal,impostos e outras variáveis de períodos anteriores que podem forneceruma estimativa do que pode estar por vir. Então, faça uso datecnologia e aposte na criação de diferentes cenários, tomados a cada30, 60, 90 ou 120 dias. Existem inúmeras ferramentas disponíveis na ciência de dados quepodem ajudar neste sentido. Caso sua firma não possua um profissionalcom essa expertise, considere ao menos a contratação de um colaboradortemporário para ajudar pontualmente nos momentos de crise como o queestamos vivendo atualmente. Monitore tudo Um momento de incerteza deixa o mercado volátil e em busca de liquidez.Isso não acontece somente com relação a ativos puramente financeiroscomo ações, fundos de investimentos ou o câmbio, mas também cominsumos, dívidas, contratos atrelados em moeda estrangeira, entreoutros. Por exemplo, caso a sua empresa possua contratos atrelados ao dólar eesse sofre uma valorização média de 20%. Sua dívida será 20% maiornaquele mês. Além disso, você ganha em moeda nacional. Então, o quefazer? A depender do contexto de uma crise setorial ou generalizada, considererealizar uma renegociação contratual. É possível que o seufornecedor prefira manter o contrato com o preço vigente do que perderclientes num longo prazo. Mas como essa situação pode mudar de formasúbita, mantenha os olhos abertos e monitore tudo. Cuide e remova os gargalos Analise a entrada e saída dos processos Às vezes, momentos difíceis são oportunidades para identificar, pormeio do “pente fino” do monitoramento, possíveis gargalos existentesnos processos habituais do negócio. Analise as entradas (_input_) esaídas (_output_) de cada processo-chave para verificar eventuaisremanejamentos de recursos, melhorias ou migrações….