Nos últimos anos, a tokenização tem se destacado como uma tecnologia inovadora no mercado financeiro. De maneira simplificada, a tokenização é o processo de substituir dados sensíveis por identificadores únicos ou “tokens”, que não possuem valor intrínseco e são gerados aleatoriamente. Esses tokens podem ser utilizados em transações financeiras, mantendo a segurança das informações confidenciais.
Segundo um estudo da McKinsey & Company os ativos financeiros tokenizados devem alcançar tamanho de mercado de cerca de U$ 2 trilhões até 2030. Esse crescimento acelerado demonstra a confiança que instituições financeiras e empresas de tecnologia depositam nessa solução.
Em meios de pagamento, a tokenização pode ter muitos usos. Ao realizar uma compra online, os dados do cartão de crédito do cliente podem ser convertidos em um token, que é então utilizado para processar a transação. Este token é inútil para qualquer outra pessoa, já que a única entidade capaz de convertê-lo de volta para os dados originais é o provedor de pagamento autorizado. Isso reduz drasticamente o risco de fraudes e vazamento de informações sensíveis, aumentando a confiança dos consumidores e a segurança das transações.
No Brasil, a tokenização já está sendo adotada por grandes instituições financeiras e empresas de tecnologia. O Banco Central, por exemplo, com o seu sistema de pagamentos instantâneos, o Pix, utiliza conceitos de tokenização para garantir transações seguras e rápidas. Além disso, empresas de cartões de crédito como Visa e Mastercard estão incorporando tokenização em seus serviços para proteger os dados dos clientes durante as compras online e em dispositivos móveis.
A aplicação da tokenização não se restringe apenas ao Brasil. Internacionalmente, grandes players como Apple Pay e Google Pay já utilizam essa tecnologia para permitir que os consumidores façam pagamentos de maneira segura através de seus smartphones. Além disso, a tokenização está sendo explorada em outras áreas, como nas transferências de dados em saúde e na proteção de informações pessoais em redes sociais.
A expectativa é que a tokenização continue a evoluir e expandir suas aplicações nos próximos anos. A crescente digitalização dos serviços financeiros e o aumento da conscientização sobre a importância da segurança de dados são fatores que impulsionam essa tendência. Com o avanço da Internet das Coisas (IoT) e a popularização de dispositivos conectados, a tokenização poderá ser crucial para garantir a segurança das transações em um ambiente cada vez mais interconectado.
No entanto, é importante considerar os desafios que acompanham essa tecnologia. A complexidade da implementação da tokenização em sistemas legados pode ser uma barreira para algumas organizações. Além disso, a tokenização exige uma infraestrutura robusta e protocolos de segurança avançados para garantir que os tokens não possam ser revertidos para os dados originais por agentes mal-intencionados.
Apesar desses desafios, a tokenização mostra-se promissora como um meio de pagamento seguro e eficiente. Sua capacidade de proteger informações sensíveis sem comprometer a usabilidade torna-a uma solução atrativa tanto para consumidores quanto para empresas. Com a crescente adoção e desenvolvimento de tecnologias de suporte, espera-se que a tokenização se torne uma parte integral do futuro dos pagamentos digitais.
Em resumo, a tokenização não apenas melhora a segurança das transações financeiras, mas também aumenta a confiança dos consumidores na utilização de serviços digitais. À medida que a tecnologia continua a evoluir e se tornar mais acessível, podemos esperar que ela desempenhe um papel cada vez mais significativo no mercado financeiro global. Portanto, a tokenização é uma aposta promissora e merece atenção contínua de empresas e instituições que buscam inovar e garantir a segurança de seus processos de pagamento.
*Formado em Engenharia de Produção pela FEI e pós graduado em Gestão de Negócios pelo Insper, Victor Papi tem 8 anos de experiência no mercado financeiro. Já liderou a frente de automação e melhoria de processos do Itaú, idealizou as frentes de novos produtos da Porto Seguro, construiu a força de vendas da Cielo com contratação de pessoas jurídicas, e esteve à frente da área de Operações do Bankly. Atualmente atua como Diretor de Receita na Transfeera, fintech que fornece infraestrutura de pagamentos.