Por Mari Achutti
Se há algum tempo atrás home office era a conversa do momento, agora trabalho híbrido virou pauta nas reuniões de muitas empresas. Mas, como isso vai funcionar? As pessoas vão trabalhar por turnos? As regras de convivência vão ser adaptadas para esse momento? E quem não quer deixar o home office para trás? As dúvidas são muitas e a verdade é que cada empresa vai precisar encontrar o seu novo modus operandi. Mas, enquanto isso, levantamos algumas dicas para o momento de se planejar.
PEOPLE CENTRIC EM VEZ DE OFFICE CENTRIC
Já é sabido que pessoas felizes são 13% mais produtivas no trabalho. A pesquisa, da Universidade de Oxford, também comprova que, felizes, os colaboradores também tendem a ser mais rápidos nas entregas. Por isso, na hora de desenhar o novo modelo de trabalho da sua empresa, é essencial focar nas dores dos funcionários.
Quando a Apple anunciou que sua retomada, em 2022, terá dois dias de home office na semana, os colaboradores não ficaram animados e chegaram a divulgar uma carta pública à presidência da companhia: “A política de trabalho remoto/flexível da Apple e a comunicação em torno dela já forçaram alguns de nossos colegas a desistir. Sem a inclusão que a flexibilidade traz, muitos de nós sentimos que temos que escolher entre uma combinação de nossas famílias, nosso bem-estar e ter o poder de fazer o nosso melhor trabalho, ou ser parte da Apple”, escreveram.
Quais são as vontades e aspirações dos colaboradores neste momento? Como eles imaginam que seria a retomada ideal? Qual a quantidade ideal de dias de home office? As respostas para essas perguntas podem dar um norte ao RH. Mas, lembre-se: esteja preparado para ouvir o que os colaboradores têm a dizer e apresentar o planejamento baseado nos dados que foram coletados, fazendo com que todos se sintam ouvidos.
ORGANIZAÇÃO É CHAVE
E isso foi dito por quem tem a organização em sua essência ao descrever novos formatos híbridos: o Dropbox. A empresa, que sempre valorizou criatividade, inovação e colaboração entendeu que, mesmo oferecendo ferramentas para que as pessoas trabalhem de qualquer lugar, os seus próprios colaboradores iam todos os dias para o escritório. Mas isso não aconteceu do dia para noite. Foi preciso a construção de uma cultura empresarial forte, baseada em ambientes seguros e com confiança nos colaboradores e em seus trabalhos.
Algumas análises, como essa da The Economist Intelligence Unit, já dão conta de quais são os principais pontos para que o modelo híbrido funcione. São eles:
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apoiar e ter clareza sobre a missão da empresa;
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dar liberdade e flexibilidade aos colaboradores;
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preservar a conexão humana e a cultura da empresa;
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sustentar a saúde de todos (incluindo a empresa em si) a longo prazo;
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manter uma mentalidade de aprendizado contínuo.
MAS, E A LIDERANÇA?
“Os líderes frequentemente dizem que as pessoas são seu recurso mais importante. No entanto, líderes que resistem em seguir com o home office ou encontrar a melhor equação para o modelo híbrido não seguem esse princípio. Em vez disso, muitas vezes estão fazendo o que é confortável para eles, mesmo que isso destrua o engajamento e a produtividade dos funcionários”, escreve a Fortune em um artigo recente, na qual analisa a psicologia por trás deste comportamento.
Segundo a análise, isso ocorre por causa de vieses cognitivas, que são “pontos cegos mentais” e levam a tomadas de decisões baseadas em suas próprias percepções, e não na realidade. “Ao compreender esses vieses cognitivos e tomar medidas baseadas em pesquisas para resolvê-los, podemos tomar as melhores decisões”, completam.
Os líderes do futuro são aqueles que oferecem uma experiência de trabalho consistente, baseada em processos flexíveis, feedbacks efetivos e pessoas satisfeitas. Priorizar a comunicação online é uma etapa simples que oferece um grande número de benefícios para um espaço de trabalho mesclado, e o que coloca a liderança ainda mais próxima em uma estrutura bem horizontal de tomadas de decisões.
ESTRATÉGIA
Para retornar ao presencial, será preciso que as empresas agrupem estratégias, pensando no melhor para os funcionários e os preparando para isso, seja com pesquisas de clima, materiais, palestras ou aulas voltadas para as condutas que esse novo período exigirá.
Quora, Dropbox e o Google já optaram por um sistema mais flexível, focado na auto responsabilidade de cada colaborador, que deve escolher o que melhor se adapta às suas aspirações e realidade.
Mas, atenção: os escritórios continuam tendo um papel importante na retomada, mas não devem ser vistos como obrigação. Afinal, já está mais que comprovado que ter equipes trabalhando fora do local de trabalho não atrapalha entregas como também aumenta a produtividade e aptidão digital, segundo estudo da Gartner.
* Mari Achutti atuou durante anos como gestora da Perestroika, escola de atividades criativas destacadas como “uma das nove empresas da nova economia brasileira”, e em 2014, intraempreendeu e criou a Sputnik, o braço In Company da Perestroika. Ao longo desses anos, junto a sua empresa, a empreendedora vem ajudando a provocar mudanças no universo corporativo através de uma educação criativa e disruptiva em empresas como Google, Facebook, Globo, Boticário, Ambev, entre outras. Foi curadora do ColaborAmerica, um dos principais eventos sobre nova economia da América Latina, que acontece no RJ. Trabalhou como “Gerente de Felicidade” no Grupo Reserva e passou alguns anos da sua carreira dedicada ao atendimento publicitário no mercado gaúcho. Atualmente, seu objetivo é ajudar a transformar o mundo em um lugar mais criativo, sensível, subversivo e bom, através da formação de profissionais e corporações. Como brasileira, empreendedora e líder, Mariana contribui com sua experiência e conhecimento sobre novas perspectivas e possibilidades educacionais, além de atuar em projetos de empreendedorismo feminino.
Crédito: divulgação