Ritmo é caracterizado por batidas marcantes, uso de sintetizadores e letras que debatem temas diversos, como desigualdade social, dinheiro e poder
O rap é um dos gêneros mais conhecidos e apreciados no mundo, já que conta com uma história de décadas na indústria fonográfica e lançou músicas, álbuns e artistas internacionalmente famosos. Popularizado pela comunidade afro-americana na década de 1970 e 80, especialmente em Nova York (EUA), o Rhythm and Poetry (RaP) cresceu com base em uma batida ritmada e letras que abordavam em grande medida temas sociais, raciais e políticos. Com o desenvolvimento — e popularização — do gênero ao longo dos anos, começaram a aparecer variações, algumas mais voltadas ao pop e outras com influências de inúmeros outros ritmos. Foi perto da virada de século que surgiu, então, o trap, um subgênero do rap e que atualmente é responsável por dominar festas e os ouvidos dos fãs.
Originado nos anos 1990 e 2000 no Sul dos Estados Unidos, o ritmo ganhou ainda mais espaço nos últimos anos, com o crescimento das redes sociais. O trap é caracterizado por batidas fortes, muito uso de sintetizadores, melodias com distorções, e frequentemente sofre influências de outros gêneros, como o funk, no Brasil. As letras de trap frequentemente abordam temas como desigualdade social, drogas, dinheiro, poder e vivências pessoais dos intérpretes, grande parte deles bem jovem. De acordo com o artista Matuê, um dos principais nomes do subgênero no país, em entrevista ao portal UOL, “o trap está conectado com a juventude”.
Essa conexão com os jovens, destacada pelo artista que soma mais de 7,8 milhões de ouvintes mensais na plataforma Spotify, resulta em um crescimento contínuo na seara musical. Desde 2016 até o primeiro semestre de 2019, o consumo de trap brasileiro cresceu em média 61% ao ano, segundo números do mesmo aplicativo de música. Muitos artistas que dominam esse cenário costumam explicar que o trap ultrapassa o mundo musical e alcança modos próprios de conduta e de vestimenta, uma característica notadamente também muito comum no rap.
A grande popularidade do trap nos anos mais recentes lançou luz sobre uma série de artistas no Brasil e no mundo. Por aqui, figuras como Raffa Moreira, Sidoka, Matuê, MC Igu e MC Taya somam milhares de fãs, ao passo que no exterior nomes como Travis Scott, Lil Peep, Future, Migos e Cardi B são alguns dos grandes destaques. O crescimento do trap pode ser visto também nas playlists dos maiores serviços de streaming musical, onde é um dos mais ouvidos, frequentemente deixando para trás outros ritmos muito consagrados no Brasil, como o sertanejo universitário e o funk.
*Guilherme Berti é um jovem músico multi-instrumentista, cantor e compositor brasileiro. Sob o nome profissional de Guiberti, o artista tem músicas elaboradas em parceria com a AMS Produções e conta com milhares de ouvintes mensais na plataforma Spotify.