
*Por Marcel Magalhães
O varejo brasileiro está enfrentando um momento desafiador. Enquanto os consumidores trocam suas escolhas por produtos mais baratos, os gastos com experiências continuam a crescer. Esse comportamento reflete uma mudança profunda no consumo: os produtos básicos já não têm mais a mesma força, e as experiências, que oferecem algo a mais ao consumidor, são vistas como investimentos mais valiosos.
O aumento dos preços dos produtos essenciais levou os consumidores a repensar suas compras. Sabões que foram a principal escolha por anos já não são mais uma certeza, e as marcas menos conhecidas ganham uma chance. Por outro lado, produtos e serviços que agregam experiência diferenciada crescem na escolha do cliente, mesmo que isso signifique menos dinheiro no bolso.
Esse é um comportamento que mistura uma herança da pandemia, onde os consumidores descobriram o conforto de ter o produto a mão a qualquer tempo e momento e o senso de urgência de viver depois de um período longo de isolamento social e incertezas sobre a vida.
Tal reflexo chacoalhou o varejo tradicional de loja física e fez muitos empreendedores repensarem seus modelos para atender esses dois novos comportamentos. E aqui vemos alguns modelos se destacarem.
O varejo autônomo foi uma forma que o mercado encontrou para reduzir custos e aumentar as vendas, aproveitando o comportamento da conveniência. No Brasil, é muito comum conhecer as vending machines ligadas à snacks e bebidas. Quem nunca agradeceu encontrar aquela máquina com água geladinha no caminho para casa ou aquela machine dentro do prédio do trabalho recheada de sanduíches naturais, evitando andar até a padaria mais próxima para encontrar algo para comer.
Esse crescimento de conveniência pós-pandemia é refletido em números impressionantes. O estudo da Global Growth Insights aponta que o mercado foi avaliado em US$ 3 bilhões em 2024, com previsão de chegar quase 7 bilhões em 2033. A expectativa de taxa de crescimento anual de 7,5% entre 2025 e 2033.
Esse crescimento das vending machines não é apenas uma tendência global, mas também uma realidade que tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil. Quando comecei a acompanhar o mercado de vending machine no final de 2020, vi grandes marcas dispostas a investir para levar conveniência aos seus consumidores. Mas, e o e-commerce já não cumpre esse papel? Talvez para alguns produtos. Para outros, nem tanto porque a urgência vem acompanhada da conveniência.
Ter uma vending machine no lugar certo, com o produto certo e uma margem bem calculada, fez a diferença. A primeira vending machine que eu vi nos Estados Unidos a aproveitar esse novo comportamento foi uma voltada para os cuidados com a Covid. Tinha álcool gel, algodão, máscara e etc. Era uma forma eficiente de vender sem contato humano.
Eureka! Era o momento de estudar o que mais poderíamos colocar dentro de uma Vending Machine que pudesse fazer a diferença na vida do consumidor brasileiro. E aí, fomos longe. Ao longo dos últimos quatro anos, testamos inúmeros produtos dentro das máquinas e posso dizer que o céu é o limite.
Um bom exemplo de projeto que virou realidade foi a Vending Machine da Giuliana Flores, que desenvolveu com a gente um projeto de Vending Machine para vender a Rosa Encantada, a flor que dura até 3 anos. Estudamos o melhor ponto para instalar a máquina e hoje você pode comprar uma rosa de presente antes ou depois da viagem no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Vantagens para marcas consolidadas no varejo tradicional
Empresas já consolidadas no varejo tradicional, como lojas de rua e de shopping, podem se beneficiar significativamente ao integrar vending machines em suas operações.
Como mostrei no exemplo, a Giuliana Flores escolheu um produto específico para atender uma conveniência das pessoas que frequentam o aeroporto. Aqui, eu listo alguns pontos que merecem uma análise cuidadosa.
- Expansão do Alcance de Mercado:Para empresas que já possuem lojas físicas, adicionar vending machines em locais estratégicos pode ampliar seu alcance sem a necessidade de investir em novas lojas. As máquinas podem ser colocadas em áreas de grande circulação, como hospitais, empresas, fábricas ou até dentro de outras lojas, atingindo um público que talvez não fosse impactado pelas lojas tradicionais.
- Complementação da Experiência do Cliente:As vending machines podem complementar a experiência do cliente, oferecendo um canal adicional para a compra de produtos enquanto eles estão em trânsito. Por exemplo, uma loja de roupas pode disponibilizar acessórios e cosméticos nas vending machines no caminho de seus potenciais clientes.
3. Redução de Custos Operacionais:O modelo de vending machine reduz significativamente os custos com aluguel e equipe de vendas. Ao adotar essa tecnologia, as empresas conseguem operar de maneira mais eficiente, com menor necessidade de recursos humanos e estrutura física. - Operação 24/7:Com as vending machines, as empresas podem oferecer seus produtos durante todo o dia e noite, sem a limitação do horário comercial. Isso atrai consumidores que, por algum motivo, não podem ou não querem se deslocar até uma loja tradicional. Essa é uma vantagem considerável para hospitais que encerram as atividades dos restaurantes no fim do dia, mas possuem circulação de pessoas 24/7.
O que podemos esperar no futuro?
O futuro das vending machines é promissor. Durante nossa visita à maior feira de Vending Machines na China, vimos inovações interessantes, como adegas automáticas para vinhos e máquinas que vendem alimentos frescos, como frutas e vegetais. Mas a tendência que mais tem se destacado é a demanda crescente por alimentos quentes, como sanduíches e marmitas.
Apesar de o Brasil ainda não ter máquinas para alimentos quentes em larga escala, espera-se que em 2025 já possamos começar a ver esse tipo de inovação. Imagine uma indústria que, em vez de precisar de grandes refeitórios, pudesse contar com uma máquina que entregasse uma marmita quente e pronta para consumo. Isso pode transformar completamente a logística de empresas e indústrias.
Nos próximos anos, o mercado de vending machines vai continuar a se expandir e inovar. Está pronto para essa revolução? Em breve, trago mais novidades sobre como as marcas estão aproveitando as vantagens das vending machines para inovar seus canais de venda.
*Marcel Magalhães é um empreendedor serial que hoje está à frente da Balcão Urbano, empresa de vending machines que oferece diversos modelos de varejo autônomo. Para empreendedores, a rede é uma opção de franquia acessível para iniciar na jornada empreendedora. Para marcas, o Balcão Urbano entrega projetos de varejo autônomo com baixo investimento, flexibilidade e boa rentabilidade.