Por Paulo Schwartzman, empreendedor social mestre em Estudos Brasileiros pela USP
A economia do Carnaval muitas vezes beneficia grandes marcas e investidores, sendo comum ver grandes marcas fazendo campanhas e promoções nesse período, mas há um espaço crescente para iniciativas que geram impacto social. Blocos de rua organizados por associações comunitárias, festas independentes comprometidas com causas sociais e negócios que valorizam o artesanato e o comércio local são exemplos de como a festa pode ser um motor de transformação. Em cidades como Salvador, Recife e Rio de Janeiro, projetos que priorizam a capacitação de trabalhadores, o reaproveitamento de resíduos e a preservação do patrimônio cultural têm mostrado ano a ano que a folia pode ser um catalisador de mudanças estruturais.

A formalização desses esforços é um caminho promissor. Modelos de negócios sociais podem garantir que os benefícios do Carnaval sejam distribuídos de forma mais equitativa, criando oportunidades sustentáveis para ambulantes, costureiras, músicos e produtores culturais. Plataformas de financiamento coletivo para blocos independentes, redes de apoio para empreendedores locais e parcerias entre iniciativas sociais e empresas privadas são estratégias que já estão sendo aplicadas com sucesso aqui no Brasil.
O desafio agora é consolidar essas iniciativas e ampliá-las para que o impacto vá além dos dias de festa, fazendo com que a folia dure muito mais. O Carnaval pode – e deve – ser um espaço de inovação social, onde a cultura popular e o empreendedorismo se encontram para fortalecer comunidades e gerar desenvolvimento. Com uma estruturação adequada essa festa, que já é um dos maiores símbolos do Brasil, pode se tornar também um exemplo de fomento à economia inclusiva e sustentável.
O tema merece mais atenção e aprofundamento. Como alguém que acompanha e fomenta o empreendedorismo social em diferentes setores, vejo com clareza o potencial do Carnaval como vetor de transformação. O desafio agora é ampliar essa discussão e criar pontes entre atores públicos e privados para que a festa não seja apenas um espetáculo passageiro, mas também uma oportunidade concreta de mudança. O espaço está aberto para essa conversa, e quanto mais alinharmos celebração e impacto, mais vibrante será o futuro do Carnaval brasileiro.