Competição realizada pela Shell Brasil, no RJ, mobilizou estudantes universitários a repensar em formas de utilizar a energia de maneira mais limpa e eficiente
Estima-se que, pelo menos, duas horas e meia do dia são gastos no trajeto entre ida e vinda, do trabalho para a casa, nas duas maiores metrópoles do Brasil: Rio de Janeiro e São Paulo.
Esta falta de mobilidade urbana, que é fruto do déficit de planejamento estratégico e infraestrutura do transporte público, entrega à população, níveis elevados de poluição, com taxas superiores a 80%, maiores que o indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em um momento de transição mundial para uma matriz energética mais limpa e eficiente, as grandes organizações se veem cada vez mais impulsionadas a pensarem em alternativas limpas e sustentáveis que contribuam com a qualidade de vida do meio ambiente. E a Shell é uma delas.
Na semana passada, o Rio de Janeiro foi palco de uma das maiores competições de eficiência energética do mundo: a Shell Eco-marathon Brasil.
Em sua terceira edição, o evento desafiou estudantes a projetar e construir protótipos que percorram a maior distância com a menor quantidade de energia, seja ela fornecida por bateria elétrica, gasolina ou etanol.
Reunindo mais de 400 estudantes universitários do Brasil, da Argentina, do México e do Equador, a Eco-marathon é a maior competição de energia limpa e renovável do mundo. Só para se ter uma ideia: nas categorias Gasolina, Etanol e Bateria, no ano passado, o recorde alcançado foi de 1 Litro de gasolina para 525 Km percorrido. Parece utópico, mas esta foi a realidade alcançada dos carros com designers ainda futurista, na pista de competição.
A iniciativa tem por objetivo fomentar a pesquisa nesta área e promover a conscientização sobre o futuro da mobilidade, além de servir de inspiração a jovens a repensar formas de utilizar a energia de maneira mais limpa e eficiente. “Precisamos de inovação com colaboração e vocês são os futuros líderes da ciência e tecnologia. Vocês estão na linha de frente da inovação e da mobilidade”, afirmou o Norman Koch, diretor da equipe internacional da Shell Eco-marathon, ratificando a satisfação de estar de volta ao Rio de Janeiro.
Destaque para elas
Parece que o número de participação das mulheres em profissões que antes eram ocupadas apenas por homens, não para de crescer; sobretudo nos cursos de engenharia, que é predominantemente frequentado pelos homens. E a Shell Eco-marathon provou que esta disparidade entre os gêneros na área vem diminuindo, sim, e progressivamente.
A diretora técnica global da Shell Eco-marathon, a norte-americana Shanna Simmons falou da importância da presença feminina na competição. “Entre todos os locais em que a competição é disputada, o Brasil é o país com mais mulheres fazendo parte da equipe. Para mim que também me formei em engenharia, é muito empolgante vê-las participando. As mulheres têm que agarrar as oportunidades. É um orgulho muito grande fazer parte disso.”
Para Mariana Ribeiro, piloto na equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) “a presença das mulheres até muda um pouco a percepção da equipe. Às vezes os rapazes pensam de uma forma e a gente vem com outra interpretação. Isso acaba sendo positivo, agrega muito para a equipe”.
Equipes do PR, RS e MG levam a terceira edição
A conquista dos melhores resultados nas categorias etanol, gasolina e bateria elétrica, ficaram respectivamente com a equipe Pato A Jato, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, que concorreu pelo terceiro ano consecutivo na categoria etanol, da qual foi campeã em 2017. Este ano, o time conquistou o primeiro lugar novamente e com quebra de recorde: melhoraram a média de 412.4 km/l para 443.7 km/l. “Trabalhamos o ano inteiro para estar aqui e a nossa expectativa era muito alta para bater média, então estamos muito felizes”, diz Dalila Mosko Koslinski, capitã do grupo.
Entre os veículos movidos à gasolina, o prêmio ficou com o Drop Team, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, que conseguiu percorrer 424.9 km/l. Já o time Milhagem UFMG Elétrico, da Universidade Federal de Minas Gerais, construiu um protótipo à bateria elétrica que atingiu a marca de 266.4 kWh/l e foi o vencedor da categoria, se classificando junto com as outras duas equipes campeãs para a edição Américas da competição, que será realizada no primeiro semestre de 2019, nos Estados Unidos.
Para Norman Koch, diretor da equipe internacional da Eco-marathon, o que chama mais atenção na edição realizada no Brasil é o entusiasmo dos estudantes. Ele acredita que a competição melhora a cada ano e os veículos construídos são cada vez mais eficientes. “Todos aqui têm ideias brilhantes e trazem elas para a competição em busca de um futuro melhor”, comenta.
Neste ano, o número de times inscritos para o evento superou o de 2017, subindo de 40 para 45. Segundo Glauco Paiva, executivo de Relações Externas da Shell Brasil, a competição vem crescendo desde a primeira edição realizada no país, em 2016. “Acontece tanto em número de equipes quanto em carros que passam pela inspeção técnica e vão para a pista. Isso é muito gratificante para a gente, é um indicativo de que as equipes estão desenvolvendo protótipos cada vez melhores”, afirma.
Durante os três dias da competição de eficiência energética, realizada entre 9 e 11 de outubro no Riocentro (Rio de Janeiro), a Shell promoveu a realização de oficinas de Lego Education e de STEM – Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (em inglês Science, Technology, Engineering, and Mathematics). Além disso, a empresa trouxe cerca de 500 estudantes de escolas públicas do Rio de Janeiro para visitarem o evento.
Veja a classificação por categoria
Etanol
- 1º lugar: Pato A Jato / Universidade Tecnológica Federal do Paraná – 7 km/l
- Não houve outras equipes classificadas no ranking desta categoria
Gasolina
- 1º lugar: Drop Team / Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – 9 km/l
- 2º lugar: e3-Equipe UFSC de Eficiência Energética / Universidade Federal de Santa Catarina – 6 km/l
- 3º lugar: Eco Octano UFPR / Universidade Federal do Paraná – 4 km/l
Bateria elétrica
- 1º lugar: Milhagem UFMG Elétrico / Universidade Federal de Minas Gerais – 4 km/kWh
- 2º lugar: ECOFET / CEFET Minas Gerais – 8 km/kWh
- 3º lugar: ECOCAR Unicamp / Universidade Estadual de Campinas – 6 km/kWh