POR: Cássia Vasconcelos Scazziota
O poder aquisitivo no Brasil aumentou nos últimos quinze anos, mas ainda a falta de infraestrutura básica atinge a população brasileira em grande escala. O aumento do consumo é um fato, porém este não pode ser o único fator considerado para o desenvolvimento das classes sociais menos favorecidas. Existem outros fatores que devem ser considerados para que este desenvolvimento seja o mais real possível, como por exemplo, o acesso a serviços de saúde e educação de qualidade, o que têm levado a iniciativa privada a repensar nos últimos anos a forma de fazer negócios.
Surge a partir daí, o chamado setor 2.5, ou campo dos negócios de impacto, que com a iniciativa de Muhammad Yunus, em Bangladesh na década de 70, modifica e aperfeiçoa o conceito de fazer negócios com o primeiro sistema de microcrédito para a população mais pobre, que mais tarde viria a se chamar Grameen Bank.
Aqui no Brasil, há cerca de 10 anos muito se fala em negócios sociais ou de impacto, mas o que difere um negócio social de um empreendimento tradicional voltado para as classes C, D ou E?
Por definição, os negócios sociais buscam no lucro impactar em escala o maior número de “não atendidos”, com destaque para os segmentos de educação, saúde, habitação e meio ambiente. O foco aqui é oferecer como objetivo do negócio a oportunidade da população de baixa renda, que aqui no Brasil corresponde a aproximadamente a 63,6 milhões de indivíduos das classes D e E, a ampliação de sua capacidade de escolher por meio do acesso e da inclusão. Ou seja, o objetivo primordial não é maximizar lucros e sim reinvesti-los para aumentar o impacto na vida das populações menos favorecidas.
Uma mescla aqui se torna clara, a capacidade de gestão da iniciativa privada e foco no desenvolvimento por meio do lucro com a junção do propósito firme das causas do empreendedorismo social. O lucro pelo lucro assume por este viés o papel de “riqueza extra” no sentido de criar um ciclo de prosperidade mútua onde deixamos de rotular as classes, e passamos a oferecer real oportunidade para a população experimentar o que é o “desenvolvimento como liberdade”.
Acredito que ainda muito se verá desta nova fórmula como solução futura para os problemas sociais, onde as variáveis se tornarão ainda mais enriquecedoras, quando o lucro como gerador de impacto social e semeador de oportunidade nos levará à seguinte conclusão, “é possível multiplicar ainda mais os peixes ao se oferecer a oportunidade de pescar”.