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Aumento da Representatividade Feminina no Setor Público: Estratégias e Impactos

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*Heloísa Mateo
A sub-representação feminina em altos cargos do setor público permanece uma realidade desafiadora. Estudos mostram que mulheres ocupam apenas 36,6% das vagas de liderança, apesar de possuírem mais anos de estudo em comparação com seus colegas masculinos​​.

Dados do IBGE destacam que, em 2019, 54,5% das mulheres com 15 anos ou mais faziam parte da força de trabalho, em contraste com 73,7% dos homens. Este desequilíbrio é exacerbado ainda mais entre mulheres com filhos pequenos, onde apenas 54,6% das mulheres com crianças até 3 anos estão empregadas, comparado a 67,2% daquelas sem filhos, mostrando como responsabilidades familiares impactam a carreira feminina.

Este cenário evidencia a necessidade da implementação de estratégias eficazes para aumentar a presença feminina, garantindo equidade e enriquecendo o processo decisório em diversas perspectivas. 

Dupla Jornada e Acesso à Educação.
Um dos principais obstáculos à representatividade feminina é a dupla jornada de trabalho, que inclui responsabilidades domésticas e profissionais. Um estudo do IBGE revela que esta desigualdade na divisão do trabalho doméstico impacta diretamente o tempo disponível para mulheres se prepararem para concursos​​. A pesquisa indica que, em 2019, a necessidade de conciliar uma dupla jornada resultou em aproximadamente um terço das mulheres trabalhando em regime de meio período, ou seja, até 30 horas por semana. Em contraste, essa condição foi observada em apenas 15,6% dos homens empregados.

Acesso equitativo à educação de qualidade emerge como um pré-requisito fundamental para nivelar o campo de atuação.

Políticas de Paridade de Gênero.
Implementar políticas de paridade de gênero, incluindo cotas para mulheres em cargos de liderança e nos processos seletivos para posições governamentais, é uma estratégia direta e eficaz. Tais políticas não apenas asseguram representação adequada, mas também promovem a diversidade de experiências e visões dentro do governo​​. 

Estudos internacionais demonstram que uma maior representatividade feminina nesse setor não só promove justiça e transparência, como também melhora a qualidade dos serviços prestados, devido ao entendimento aprofundado das necessidades da população.

Nas estatísticas de 2013 dos países da OCDE, as mulheres constituíam, em média, 58% da força de trabalho no setor público, com a Suécia apresentando mais de 70% e o Japão apenas 42%. O setor público é particularmente atrativo para as mulheres devido às condições de trabalho favoráveis que oferece, tais como salários competitivos, benefícios abrangentes e flexibilidade nos horários. A modernização do serviço público e a ênfase em valores como mérito e diversidade também contribuíram para esse aumento. No entanto, ainda existem desafios significativos, especialmente no acesso das mulheres a posições de liderança.

Os governos desempenham um papel fundamental na superação dessas barreiras, implementando políticas que promovem a igualdade representativa das mulheres, incluindo metas de diversidade, leis de equidade de emprego, programas de mentoria e desenvolvimento de liderança, além de iniciativas para assegurar a equidade salarial e um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, reforçando assim a equidade de gênero no setor público. Essas iniciativas são essenciais para empoderar mulheres a avançar em suas carreiras e assumir posições influentes.

Cultura Organizacional Inclusiva
Promover uma cultura organizacional que valorize a diversidade e inclusão é fundamental. Isso inclui políticas de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, a eliminação de preconceitos de gênero e a garantia de um ambiente de trabalho seguro e respeitoso. Espaços pensados e ocupados por mulheres tendem a ser percebidos como mais seguros e são essenciais para a permanência e progressão de suas carreiras.

A representatividade feminina no setor público não apenas promove a igualdade de gênero, mas também enriquece o processo político e administrativo. Políticas bem-sucedidas de inclusão podem servir de modelo para outras esferas da governança, contribuindo para uma sociedade mais justa e equilibrada.
*Heloísa Mateo é Gerente do Projeto ELAS

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