POR: Marcos Barbosa, CEO da SPI Integração de Sistemas
Em julho de 2019, a pesquisa do Índice Global de Inovação (IGI), da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), revelou que o Brasil caiu dois pontos no ranking das nações mais inovadoras, passando para a 66ª posição entre 129 países aferidos. Esse estudo avalia quesitos como crescimento da produtividade, investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), educação e exportações de produtos de alta tecnologia. De acordo com os novos dados do IGI, a Suíça é o país mais inovador do mundo, atualmente, seguido por Suécia, Estados Unidos, Holanda e Reino Unido.
Um dos fatores que pode explicar a queda na tabela é o agravamento da crise econômica, que resultou em uma ruptura no ciclo de investimentos em pesquisa e desenvolvimento no país, a partir de 2015, após três anos de elevação. Os aportes em P&D saíram de 1,13% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2012, para 1,34% em 2015 e baixaram, em seguida, para 1,27%, com o governo e empresas desacelerando a injeção de capital para esta finalidade.
Muito embora enfrentamos uma das maiores recessões da história do país, os indicadores econômicos apontam para uma recuperação, ainda que gradativa, e o Brasil continua a ser visto como um mercado promissor, com boas perspectivas em relação à retomada de investimentos. Ainda assim, a pesquisa em inovação é imprescindível, uma vez que a manutenção dos investimentos externos exige um Brasil mais competitivo. O governo dá sinais positivos com suas propostas para estimular a economia, com vendas de ativos, os planos de privatizações, as reformas trabalhistas e da previdência, entre outros, além de estar criando políticas públicas para financiar a inovação. Mas, também é tarefa da indústria brasileira encontrar caminhos para a competitividade, seja por sua eficiência operacional ou pela melhoria de seus processos, por intermédio dos conceitos da Indústria 4.0.
Existe uma sequência natural de evolução no que diz respeito à introdução da Indústria 4.0 nas empresas brasileiras. Algumas já se encontram em estágios mais maduros de inovação, seguindo os moldes implantados em suas matrizes sediadas em países desenvolvidos, e que são líderes nesse sentido.
As tecnologias implantadas nesses mercados, considerados pioneiros, inevitavelmente serão aplicadas nas respectivas subsidiárias de países em desenvolvimento, como o nosso.
O processo é gradativo, exige adaptação de toda a cadeia produtiva e ações em todos os setores de uma fábrica, da manufatura à gestão, além da adequação dos fornecedores e muito sincronismo na execução. Parece sim ter havido uma desaceleração em todo esse sistema, em função da queda nos investimentos, mas as empresas continuam se mobilizando para trazer inovações, mesmo que em ritmo mais lento. O tema Indústria 4.0 está no topo da pauta. Eventos são realizados em toda parte, não só no Brasil, como em todo o mundo, para conscientizar os stakeholders de que o momento é agora.
A tecnologia está pronta para ser utilizada a favor da produtividade.
Desafios e oportunidades duelam na resultante modernização de parques fabris, ganhos em eficiência de produção e qualificação de mão de obra. A crise enfrentada nos últimos quatro anos trouxe redução nos investimentos e muitos planos foram adiados, mas não abandonados. É preciso pensar no futuro, com empresas e governo caminhando juntos, em busca de um Brasil mais competitivo no mercado global. Nosso país pode não ser líder em inovação, mas certamente temos capacidade para subir mais algumas posições no ranking e de forma sustentável.