POR: Cássia Vasconcelos Scazziota
Já faz algum tempo que os debates a cerca do “caminho” que a humanidade percorre indicam um modelo de economia compartilhada e sustentável, quando não somente se fala em meio ambiente, mas também em novos elos no mundo dos negócios, direcionados para evitar o desperdício e impactar diretamente as relações humanas e o meio em que se vive.
Considerando este comportamento e mudança de geração em geração, unidos ao desenvolvimento tecnológico, podemos acompanhar também a profissionalização de iniciativas não governamentais e a ampliação das parcerias intersetorias, o que fortalece cada vez mais na iniciativa privada a ideia de impacto social e inovação.
Há alguns anos atrás, as marcas tinham como foco projetos de responsabilidade social e ambiental como um braço ou uma área. Porém, hoje muitas empresas já pensam o apoio às comunidades locais, ou até mesmo aos seus colaboradores como uma nova forma de ver seus negócios e seu impacto efetivo nos espaços onde estão inseridas.
Impacto social é tendência de futuro e uma nova forma de se fazer negócios. E junto ao movimento de inovação, tem fortalecido o termo que muitas empresas, dos mais diversos portes, têm chamado de “capitalismo consciente”.
De acordo com a Artemísia, uma das principais organizações comprometidas em difundir o tema, negócios de impacto são aqueles que oferecem produtos ou serviços que diminuem barreiras de acesso a bens e serviços essenciais, ou que oferecem a proteção aos bens conquistados e prevenção de riscos futuros, atuam no aumento das oportunidades de emprego estável ou na melhoria das condições de trabalho do microempreendedor, promovem oportunidades para pessoas de baixa renda, fortalecendo seu capital humano e social, ou contribuem para a cidadania por meio de produtos ou serviços que ampliam a qualidade de vida.
Mesmo em um cenário politicamente mais instável como o que temos vivido nos últimos anos, é fascinante presenciar empresas genuinamente brasileiras que seguem este movimento focado no impacto e melhoria da qualidade de vida, oferecendo a oportunidade de acesso às camadas sociais menos favorecidas. Temos vários casos de sucesso já no Brasil, como o Doutor Consulta, clínicas que atendem com serviços de saúde de qualidade, o público marginalizado pelos convênios particulares.
É de se comemorar que os negócios de impacto social têm movimentado cerca de 60 bilhões de dólares em nível global e registrado o aumento de aproximadamente 7% ao ano, segundo o levantamento da Ande Brasil (Aspen Network of Development Entrepreneurs), uma rede empreendedora em países desenvolvidos. E estes números só tendem a crescer no Brasil, pois segundo estudo feito pela mesma organização em parceria com a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), foram alocados 1,3 bilhão de dólares em investimento de impacto na América Latina e o Brasil é o segundo maior mercado da região.
Estarmos abertos a este novo modelo de negócios é efetivamente tratar a raiz das desigualdades sociais e desenvolver a economia de nosso país. O movimento é novo e mundial. Felizmente veio para ficar.