44% do surgimento de novos produtos e serviços no país são gerados pela indústria 4.0
A velocidade de integração entre o físico e o digital nos negócios, nas empresas e na sociedade é a 4ª revolução industrial, na avaliação de especialistas que participaram do evento Rio Oil & Gas, no mês passado “O fenômeno consegue ser ainda maior, mais intenso e veloz do que as três primeiras revoluções industriais”, pontuou o gerente setorial do Cenpes, Gustavo Levin. Mas, segundo ele, o setor de óleo e gás ainda tem muito o que avançar, já que apenas 19% do setor tem a indústria 4.0 maturada, enquanto a média de outros setores chega a 31%.
Na opinião do presidente e CEO da Siemens Brasil, André Clark, a indústria 4.0 tem provocado efeitos singulares e de grande impacto em vários outros segmentos e é possível usá-la no setor de óleo e gás. “Um exemplo clássico de grande eficiência são as digitalizações de FPSOs. Esse é um conceito ‘nascido-digital’, ou seja, que a empresa faz todo o projeto digital desde o início, criando o chamado ‘gênio digital’. Esse gêmeo digital se alimenta de dados da plataforma e cria um ciclo virtuoso de desenvolvimento rápido e acelerado”, afirmou Clark.
O sócio diretor da Deloitte, Ronaldo Fragoso, informou que a jornada digital ainda está no início no Brasil. De acordo com pesquisa da Deloitte, 44% do surgimento de novos produtos e serviços no país são gerados pela indústria 4.0. “As organizações terão que se preparar para esse novo ecossistema que envolve muita gente e trará muitos benefícios”, alertou.
Impactos na infraestrutura logística no Brasil
Em sessão especial sobre a expansão do mercado de combustíveis e a infraestrutura logística no Brasil, foram apresentados os impactos e gargalos existentes no cenário atual, que dificultam uma maior proximidade entre a oferta e a demanda no país. Um estudo apresentado por Ricardo Catran, diretor Superintendente da Ultracargo, destacou as medidas necessárias para atender o déficit na oferta de combustíveis e para impulsionar a importação. Catran sinalizou sobre a necessidade imediata de investimentos para aumento da capacidade de estocagem nos portos, representando um adicional de 1 milhão de mᶟ até 2030, sendo 25% até 2023. O valor previsto para uma nova infraestrutura chegaria a R$ 4 bilhões, aproximadamente.
Como reforço ao crescimento da importação de combustível, Ricardo Mussa, vice-presidente de Logística e Trading da Raízen, ressaltou a importância de retomar as atividades sem a intervenção do governo. Segundo Mussa, essa medida, tomada desde a greve dos caminhoneiros, contribuiu para aumentar a incerteza, reduzir os investimentos e inibir a livre concorrência. Ele defendeu, ainda, manter uma política de preço eficiente, com paridade internacional, para estimular um bom funcionamento do mercado e manter um ambiente favorável à realização de novos investimentos.
Já Felipe Cury, diretor da ANP, falou sobre importância da atuação conjunta para criar uma regulação que motive os investimentos necessários e o crescimento da demanda por combustível prevista para os próximos anos. Segundo dados da ANP, existe uma estimativa de investimento de 20 a 30 bilhões de reais, destinados exclusivamente a esta área. Cury destacou ainda que, dos 60 portos, só 16% estão habilitados e capacitados para importação, gerando um enorme gargalo para a indústria. “Enxergar o mercado que a gente realmente quer é o primeiro passo. Precisamos voltar à racionalidade e trabalhar com previsibilidade, pois não é possível precificar as incertezas. Só assim teremos um caminho concreto a nossa frente”, concluiu.