POR: FSB Comunicação
Relatório aponta caminhos para a recuperação em quatro áreas principais: ambiente propício, capital humano, mercados e ecossistema de inovação. Entre as recomendações, estão:
• Digitalização dos serviços públicos e reconstrução da confiança pública
• Expansão e atualização da infraestrutura para acesso inclusivo às tecnologias de informação e comunicação
• Adoção de princípios de diversidade, equidade e inclusão
Como as economias globais estão se reorganizando para atender às novas urgências para recuperação e desenvolvimento no pós-pandemia? Este é o foco da edição especial do relatório de competitividade global do Fórum Econômico Mundial, que tem análises brasileiras da Fundação Dom Cabral. A íntegra do relatório “Como os países estão desempenhando no caminho para a recuperação?” pode ser acessada neste link: http://cutt.ly/2jm3iay
O levantamento, que tradicionalmente traz comparações entre 140 países, desta vez – a primeira em 40 anos – foca no potencial de recuperação pós pandemia analisando apenas quatro dos doze pilares tradicionalmente analisados: ambiente propício, capital humano, mercados e ecossistema de inovação de 37 países.
Os resultados indicam que, ainda que nenhum país esteja totalmente preparado para se transformar de forma completamente sustentável e inclusiva, alguns estão mais do que outros. O Brasil encontra-se abaixo da média em quatro das cinco prioridades analisadas.
“O momento é de se pensar em novos caminhos e estimular os setores público e privado a assumirem a responsabilidade de levar o Brasil a um novo patamar competitivos. Na busca por condições sustentáveis para um desenvolvimento inclusivo da nossa sociedade, não fazer nada não é uma opção.”, afirma Carlos Arruda, Professor da Fundação Dom Cabral e Diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC.
No novo contexto, alguns fatores se destacam. Estratégias de longo prazo de governos tornam-se mais urgentes, com o aprimoramento e a digitalização de serviços públicos e a reconstrução da confiança pública. Outra prioridade deve ser a expansão e atualização da infraestrutura para acesso inclusivo às tecnologias de informação e comunicação (TICs).
Além disso, a escalada exorbitante dos níveis de endividamento público em nível global, resultante das ações de emergência frente à crise, aponta a necessidade de reformas nacionais para tributação mais progressiva e do estabelecimento de uma estrutura de cooperação internacional.
Quarta Revolução Industrial
Com a adoção de tecnologias em resposta à pandemia, a Quarta Revolução Industrial está sendo acelerada. A velocidade exigida para readaptação dos negócios resultou, entretanto, em amplas perdas de emprego e renda. Um dos caminhos apontados nesta frente é a intensificação de programas de qualificação e requalificação, em especial aqueles voltados para os “mercados do amanhã”, assim como a adaptação das leis trabalhista.
A expansão da infraestrutura e o incentivo à inovação dos sistemas de saúde também despontaram como necessidades centrais à valorização do capital humano das nações.
Outro fator crítico para o curso das revitalizações é a frágil estabilidade dos mercados financeiros. Devem-se promover incentivos financeiros para que as empresas empreendam investimentos sustentáveis e inclusivos. Além disso, elas precisam repensar a concorrência e as estruturas de mercado necessárias ao avanço da Quarta Revolução Industrial, tanto nacional como internacionalmente. A difusão da colaboração público-privada aparece como estratégia fundamental para consolidação dos “mercados do amanhã”.
Sobre o ecossistema de inovação, a sugestão é que os países ampliem seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), incentivem o capital de risco e a P&D no setor privado, além de promoverem a difusão das tecnologias já existentes e que servem aos “mercados do amanhã.”
A adoção de princípios de diversidade, equidade e inclusão seriam extremamente benéficas ao potencial criativo das empresas.
Cenário brasileiro
Em quatro das cinco prioridades com dados disponíveis para o Brasil, o país encontra-se abaixo da média de prontidão para as economias avaliadas:
• 39.5 para a atualização de currículos educacionais e expansão de investimentos nas habilidades necessárias para os “mercados do amanhã” (contra uma média de 55.3)
• 44.0 para a transição para uma tributação mais progressiva (contra uma média de 50.0)
• 45.3 para a criação de um ambiente de governança confiável e com visão de longo prazo (contra uma média de 60.0)
• 51.0 para a reestruturação das leis trabalhistas e proteção social com vistas às novas necessidades da força de trabalho (contra uma média de 61.4)
• Para a atualização da infraestrutura para acelerar a transição energética e ampliar o acesso à eletricidade e às TICs, o Brasil alcançou pontuação de 79.4, sendo a média dos países de 78.4
• Esses dados podem ser ilustrados pela perspectiva empresarial sobre as condições do país: ainda que tenha avançado nos últimos ano, a percepção da estabilidade governamental atinge pontuação de apenas 33.2 e a avaliação da capacidade de resposta do governo para a mudança alcança apenas 38.4, combinado a um score de apenas 31.1 para sua orientação para o longo prazo
• Além disso, aponta-se certa limitação na formação de habilidades no país: o grau de satisfação da comunidade executiva é de 32.1 para o ensino básico e 45.1 para o ensino superior